André Figueiredo pede devolução de projeto do governo que privatiza os Correios

André Figueiredo pede devolução de projeto do governo que privatiza os Correios

Requerimento protocolado pelo deputado André Figueiredo (PDT-CE), nesta segunda-feira (1), pede ao presidente da Câmara, Arthur Lira, que devolva o projeto do governo que prevê a privatização dos serviços postais (PL 591/21). De acordo com Figueiredo, a proposta é “evidentemente inconstitucional”.

Conforme o deputado, ao responder à Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 46, em 2009, o Supremo Tribunal Federal concluiu, com base no inciso X do artigo 21 da Constituição, que os serviços postais são serviços públicos e devem ser prestados em regime de privilégio exclusivo pela União (monopólio).

O parlamentar explica que, com relação ao fato de constituírem serviços públicos, essa interpretação significa que os serviços postais “não são atividade econômica em sentido estrito”. Quanto à definição de que se trata de prestação em regime de privilégio, “quer dizer que tanto a titularidade quanto a prestação dos serviços postais são da União, ainda que de forma descentralizada, mediante outorga, através de estatal, atualmente, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos”, acrescenta.

André Figueiredo cita, inclusive, o voto do então ministro Eros Grau, acompanhado pela maioria dos demais ministros na época, segundo o qual “para que empresa privada pudesse ser admitida à prestação do serviço postal, que é serviço público, seria necessário que a Constituição dissesse que o serviço público é livre à iniciativa privada, tal qual o faz em relação à saúde e à educação”.

Com isso, segundo ressalta o deputado, para permitir a exploração dos serviços postais pela iniciativa privada seria necessário alterar a Constituição. Não basta a aprovação de um projeto de lei, tentativa que qualifica como “fraude”. “Está em jogo, na verdade, a necessidade de maioria simples para desestatizar o setor postal, no lugar da qualificada, de três quintos, em dois turnos de votação (necessários para mudar o texto constitucional)”, afirma.