A pedido do deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), a Câmara realiza sessão solene no próximo dia 20 de março, às 9 horas, para homenagear os 100 anos do ex-presidente João Belchior Marques Goulart, o Jango, deposto por um golpe civil-militar em abril de 1964.
Pompeo de Mattos explicou a importância da homenagem. “O Jango é um dos ícones políticos da nossa história. Ele está na memória do nosso povo, da nossa gente, com uma trajetória, um passado de glória muito importante. E é preciso reafirmar essa liderança, para a gente não esquecer nunca quem somos, de onde viemos, por onde passamos, com quem estivemos, onde estamos, e aí compreender para onde nós vamos”.
Trajetória
João Goulart nasceu em 1º de março de 1919 em São Borja (RS). Começou sua carreira política como deputado estadual, em 1947. Em 1950 foi eleito deputado federal, sendo no ano seguinte indicado para o cargo de ministro do Trabalho no governo de Getúlio Vargas (1950-1954). Em 1955 foi eleito vice-presidente do Brasil, concorrendo pelo PTB. Na ocasião, conseguiu mais votos que o presidente eleito, Juscelino Kubitschek. Naquela época, as votações para presidente e vice eram separadas.
Na eleição seguinte, em 1960, foi novamente eleito vice-presidente, concorrendo pela chapa governista, ao lado do marechal Lott, e em oposição ao candidato Jânio Quadros, da UDN, que venceu a disputa. Jango ficou no cargo por apenas oito meses, quando assumiu o posto de presidente com a renúncia de Jânio, em agosto de 1961.
Jango ficou conhecido por ser um político controverso e de posicionamento forte. Maria Rosa Duarte, professora de Literatura na PUC de São Paulo, estudou a imagem de João Goulart na imprensa da época e comentou sua trajetória.
“De um lado ele tinha uma visão muito boa sobre o país, ele tinha a reforma agrária, ele queria mudanças significativas. Mas do outro, tinham os trabalhadores, os sindicatos, que acabaram atuando muito forte sobre ele e ele ficou meio preso das forças políticas. Ele não teve a força necessária para perceber a trama em que ele estava”, disse.
Pompeo de Mattos destacou também o empenho de Jango por uma política de aumento real para o salário mínimo. “Ele tornou o salário mínimo um salário decente. Um salário onde o cidadão tinha dignidade, podia viver com o salário, pagar a sua habitação, ter a comida, o estudo dos filhos, a luz, a água. Enfim, naquela época foi algo inusitado, um aumento de 100% do salário mínimo como o Jango fez como ministro do Trabalho do presidente Getúlio Vargas”, disse.
Jango faleceu no exílio, em 6 de dezembro de 1976, na Argentina, e foi sepultado em São Borja, sua cidade natal.
Ascom Lid./PDT com Ag. Câmara