Parlamentares e especialistas participaram, nesta terça-feira (20/11), na Comissão de Seguridade Social e Família, do 11º Fórum de Políticas Públicas e Saúde do Homem, e listaram os problemas que o morador do campo enfrenta para manter a qualidade de vida.
Cerca de 30 milhões de brasileiros vivem nas áreas rurais. Geralmente com baixa escolaridade, começou a trabalhar cedo e não é bem atendido pelo sistema público de saúde.
O urologista Rômulo Marocollo Filho lembrou que não há programas voltados para a saúde do homem. E citou um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), feito em 174 países, que mostra que o acesso da população rural aos serviços de saúde é 50% menor do que o dos habitantes das cidades.
“Quando precisa especialmente de atendimento especializado, ela vai migrar para um grande centro, onde já chega e entra no final da fila de quem já está lá. Isso é um problema crônico também”, disse Rômulo Filho.
O representante da Confederação Nacional de Agricultura, Reginaldo Minaré, enfatizou a importância de que o agricultor só compre produtos que passaram pela análise dos órgãos de controle de qualidade e que o pesticida seja utilizado de acordo com as recomendações técnicas. Ele também recomendou um programa de educação e treinamento dos trabalhadores agrícolas.
Já Daniel Coradi, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), frisou que em média, ha 80 a 90 casos por ano, de homens adultos, trabalhadores avulsos ou temporários, que se contaminam durante a pulverização ou a diluição de agrotóxico. Segundo ele, de 2003 a 2017, a Anvisa tem feito reavaliações dos defensivos agrícolas.
“Dos 15 que nós avaliamos durante este período, 10 foram já proibidos e não são mais utilizados no Brasil; um vai ser proibido a partir de 2020 e vai poder ser comercializado com muita restrição até este período e quatro deles sofreram alguma restrição: ou restrição de cultura, ou restrição do tipo de aplicação que pode ser feita e esses processos já foram implementados”, observou.
Para o deputado Sérgio Vidigal (PDT-ES) falta informação à população do campo sobre a utilização dos agrotóxicos. “Só quem tem acesso são os grandes produtores rurais. O pequeno produtor, a agricultura familiar, ela tem muito menos acesso. E aí ela não conhece a gravidade do manuseio e a toxicidade que esse produto pode trazer, não somente a quem está utilizando, mas também a quem está no entorno”, disse.
O fórum trouxe algumas experiências positivas em relação à saúde do homem do campo, como a parceria entre a Sociedade Brasileira de Urologia e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, que resulta em mutirões para a prevenção do câncer de próstata e de pênis. Também há distribuição de material educativo sobre os principais tipos de câncer que atingem o homem.
Ascom Lid./PDT