Câmara aprova dois projetos com relatores do PDT na semana

Câmara aprova dois projetos com relatores do PDT na semana

Das quatro propostas aprovadas pelo plenário da Câmara nesta semana dois tiveram relatorias de integrantes da bancada do PDT. Na terça (9), os deputados aprovaram o projeto que assegura o combate e a prevenção à violência doméstica durante o estado de emergência de saúde pública decorrente do novo coronavírus, relatado pela pedetista Flávia Morais (GO).

Violência contra a mulher
Aprovado na Câmara no final de maio, o PL 1291/20 sofreu alterações no Senado, mas foram rejeitadas na segunda votação na Câmara. O texto aprovado determina que são serviços essenciais e, não podem ser interrompidos durante a pandemia, o atendimento a mulheres em situação de violência doméstica e familiar, assim como a crianças, adolescentes, pessoas idosas e cidadãos com deficiência vítimas de violência.

Das mudanças propostas por senadores, os deputados decidiram acolher apenas algumas sugestões, como a determinação de que os prazos não serão suspensos nem interrompidos nos trâmites de processos de violência doméstica; e a criação de meios eletrônicos para registros de ocorrência de violência contra mulheres, crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência.

Segundo a proposta, os órgãos de segurança deverão criar canais gratuitos de comunicação interativos para atendimento virtual de situações que envolvam violência contra a mulher. O atendimento presencial será obrigatório para os casos mais graves, como feminicídio; lesão corporal grave ou gravíssima; lesão corporal seguida de morte; ameaça praticada com uso de arma de fogo; estupro; crimes sexuais contra menores de 14 anos ou vulneráveis; descumprimento de medidas protetivas; e crimes contra adolescentes e idosos.

Flávia Morais defende ser importante que o Parlamento reafirme a essencialidade dos serviços de repressão à violência contra a mulher. Segundo ela, é necessário deixar claro que, “quando se trata de crimes de estupro e feminicídio, deve-se assegurar atendimentos presenciais, inclusive domiciliares, de forma a reduzir os impactos da pandemia na vida e na integridade das mulheres”.

Pelo projeto, mesmo durante a pandemia, os institutos médico-legais deverão garantir a realização de exames de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva violência doméstica e familiar contra mulher; violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. Os governos poderão criar equipes móveis para atender às vítimas de crimes sexuais.

Máscaras de proteção
A outra proposta aprovada relatada por um pedista foi o substitutivo do Senado ao Projeto de Lei 1562/20, que obriga a população a usar máscaras de proteção facial em ruas, espaços privados de acesso público (como shoppings) e no transporte coletivo enquanto durar o estado de calamidade pública decorrente da pandemia de Covid-19. O relator foi o deputado Gil Cutrim (PDT-MA).

Dentre as mudanças promovidas pelo Senado e aprovadas pelos deputados consta a obrigatoriedade de órgãos e entidades públicas, concessionárias de serviços públicos e o setor privado de bens e serviços adotarem medidas de higienização em locais de circulação de pessoas e no interior de veículos. Devem ainda oferecer álcool em gel aos usuários.

A versão do Senado retirou do texto a permissão para multar pessoas pobres sem máscara em locais onde sejam distribuídas gratuitamente. Ao contrário, os senadores proibiram a aplicação da multa à população economicamente vulnerável em qualquer hipótese.

O substitutivo do Senado ainda torna obrigatória a distribuição de máscaras aos mais pobres. Na versão da Câmara essa oferta constava apenas como possibilidade. Para isso, deverá ser usada a rede de farmácias integradas ao programa Farmácia Popular, serviços públicos e privados de assistência social e outros serviços definidos em regulamento.

A compra de máscaras pelo governo para distribuir gratuitamente ao público e também para estabelecimentos fornecerem aos seus trabalhadores deverá ser feita preferencialmente de fabricantes artesanais, como costureiras e outros produtores locais, observado sempre o preço de mercado.

Ainda conforme o substitutivo aprovado, órgãos e entidades públicas e estabelecimentos autorizados a funcionar durante a pandemia deverão oferecer gratuitamente máscaras de proteção aos funcionários.

Prioridade nos testes de coronavírus
Os deputados aprovaram também esta semana o substitutivo do Senado para o projeto que concede prioridade na testagem a profissionais diretamente envolvidos no combate à pandemia de covid-19 (PL 1409/20). Além de profissionais de saúde, como previa o texto da Câmara, o Senado criou uma lista de 18 categorias consideradas essenciais e para as quais devem ser distribuídos os equipamentos de proteção gratuitamente.

Assim, além dos casos mais óbvios, como médicos, enfermeiros, policiais e bombeiros, motoristas de ambulâncias, técnicos em análises clínicas, trabalhadores de serviços funerários e de autópsia, a nova lista inclui profissionais como terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, policiais penais e rodoviários, assistentes administrativos que atuam no cadastro de pacientes em unidades de saúde e operadores de aparelhos de tomografia computadorizada e de ressonância nuclear magnética.

Inclusão em cadastros negativos
O plenário aprovou ainda o Projeto de Lei 675/20, que suspende por 90 dias a inclusão de novos inscritos em cadastros negativos como Serasa e SPC. Nesse caso, os deputados rejeitaram a versão do Senado e mantiveram o texto já aprovado na Câmara em 9 de abril com o argumento de que os senadores criaram despesas para os cofres públicos sem previsão do impacto financeiro, como exige a Constituição.

Segundo o texto aprovado, a suspensão da inclusão em cadastro de devedor vale apenas para inadimplência registrada após 20 de março de 2020 – relacionada com as consequências econômicas provocadas pelas medidas de isolamento social usadas no combate ao coronavírus.

A proposta autoriza ainda a Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça a prorrogar a suspensão das novas inscrições nos cadastros de devedores enquanto durar a calamidade.

Todos os projetos aprovados na semana seguem para sanção presidencial.
Com informações da Agência Câmara de Notícias