O presidente Jair Bolsonaro, que registra hoje altíssimos índices de rejeição, resolveu balançar uma cenoura diante do “mercado”, numa tentativa desesperada de subornar com promessas de ganhos fáceis o que não consegue conquistar através de uma gestão séria.
A cenoura é a Petrobrás, a maior empresa brasileira, a mais estratégica, a que concentra o maior volume de investimentos em pesquisa e tecnologia realizados no país.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, segue na mesma linha. Diante da colossal incompetência de sua gestão, refletida nos índices péssimos de inflação, desemprego, crescimento econômico, atividade industrial, e com as perspectivas para 2022 se deteriorando a cada semana, Guedes também apela para a estratégia do suborno especulativo de operadores do mercado financeiro, através de bravatas irresponsáveis acerca da privatização de uma das mais bem sucedidas e lucrativas companhias petrolíferas do mundo.
Ao falar que vai privatizá-la, Guedes e Bolsonaro criam uma bolha especulativa ao redor da estatal, enriquecendo acionistas em Nova York, ao mesmo tempo em que cultivam insegurança em setores da produção, que seguram investimentos à espera do que vai acontecer.
A manobra de Bolsonaro, além disso, visa fugir à responsabilidade que é do principal acionista da Petrobrás, o governo federal: gerir a política de preços que ofereça gasolina, diesel, gás de cozinha, a um custo compatível com a renda dos brasileiros.
Ao mesmo tempo em que tenta posar de adversário do “sistema”, Bolsonaro lidera um dos governos mais subservientes ao sistema financeiro nacional e internacional que já tivemos no Brasil.
O nosso projeto nacional de desenvolvimento tem propostas para uma política de preços justa e racional.
Precisamos investir em refinarias sucateadas na atual gestão, para reduzir a dependência externa e produzir aqui mesmo os combustíveis que consumimos, o que também ajudará a controlar os preços.
A política de exportar petróleo bruto e importar refinados é uma prática servil da qual devemos nos distanciar gradualmente.
A solução não é privatizar a Petrobrás, mas reconvertê-la numa empresa que tenha compromisso real com a vida dos brasileiros.
Artigo publicado no jornal “O POVO”